25°

Tempo limpo

Salvador, BA

Ação Social Sergipe

Servidores do Governo de Sergipe brilham nas quadrilhas com resistência e amor à cultura

Experiências vividas nos bastidores e nos palcos mostram como as quadrilhas são espaços de acolhimento e transformação social

28/06/2025 às 18h40
Por: Fale com Manchete Política Fonte: Secom Sergipe
Compartilhe:
Servidores do Governo de Sergipe brilham nas quadrilhas com resistência e amor à cultura

O mês de junho pulsa forte nos corações de quem vive o ciclo junino como mais do que uma tradição: uma identidade. Para além do figurino colorido, do xote e do baião, há um movimento crescente dentro das quadrilhas sergipanas que conecta cultura popular com inclusão, diversidade e cidadania. Em várias delas, há servidores públicos que conciliam a rotina de trabalho com ensaios, viagens e apresentações. Além de dançar, eles celebram suas histórias.

A secretária de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania, Érica Mitidieri, reforça que o movimento das quadrilhas dialoga com o que a política pública deve representar: acesso, respeito e oportunidades. “Quando vemos nossos servidores atuando nas quadrilhas com tanta dedicação, nos emocionamos. A cultura popular é também ferramenta de inclusão, e o Governo de Sergipe tem orgulho de ter trabalhadores que são protagonistas nesse processo”, declara.

Mulher trans e servidora da Seasic,  Maria Clara atua na área de serviços gerais e é veterana da quadrilha Pioneiros da Roça. Dançando há quase vinte anos, ela é referência no movimento junino por ter sido uma das primeiras mulheres trans a se apresentar como dama em quadrilhas de Sergipe. Segundo ela, quando começou a dançar na quadrilha, não podia fazer o papel de dama no grupo, o que a incomodava muito. “Quando viajei para outros estados e vi que lá já era permitido, voltei decidida a mudar isso aqui, também. Sofri preconceito, muita gente dizia que não era possível, mas fui atrás, conversei com os diretores e consegui”, conta.

A partir de 2012, ela começou a dançar como dama e, finalmente, pôde se sentir plenamente acolhida na quadrilha. “Foi uma vitória minha e de muitas outras que vieram depois. Hoje, vemos várias quadrilhas mais abertas, mais humanas, e isso emociona demais”, relata.

Maria Clara concilia uma rotina intensa entre o trabalho, os ensaios e as apresentações, mas conta que a paixão faz tudo valer a pena. “Quando escuto o som da zabumba, do triângulo, do sanfoneiro, é como se acendesse algo dentro de mim. É muito amor. E, mesmo cansada, chego no trabalho pronta para mais um dia”, revela sorrindo.

Outro servidor que vive essa conexão entre arte e inclusão é Rafael Leite, da Central de Apoio ao Surdo da Secretaria de Estado da Educação (Seed). Pessoa com deficiência auditiva, ele também é quadrilheiro da Pioneiros da Roça e ressalta como a quadrilha é um espaço de representatividade. “Quadrilha é inclusão. Aqui, tem pessoas LGBTQIAPN+, tem pessoas com deficiência, com histórias diferentes. Isso é respeito, é amor. Ser surdo e dançar é visibilidade. A gente mostra que pode, sim, ocupar todos os espaços. Estou há cinco anos na Pioneiros e cada apresentação me arrepia. Foi lindo ver Sergipe representado na TV Globo Nordeste. Eu tenho orgulho de fazer parte disso”, afirma.

Na Unidos em Asa Branca, o servidor da Seasic Lucas Ferreira também vive essa conexão. Ele relata como a quadrilha tem abraçado a diversidade, tanto entre os brincantes como na equipe de apoio e nos temas escolhidos. “Nosso tema, este ano, fala de Santo Antônio com crítica social e política, misturando humor e emoção. E isso também se reflete em quem participa. Tem LGBTQIAP+, pessoas com deficiência, filhos de brincantes com autismo que vão pros ensaios com os pais, tem apoio, tem afeto. E, mais do que isso: tem acolhimento. A dança cura, alivia o estresse, traz felicidade. E a assistência social tem tudo a ver com isso, com escuta, com cuidado, com pertencimento”, conta Lucas.

Ele também pontua os desafios da rotina. “Ensaiamos desde janeiro. Agora em junho, são apresentações todos os finais de semana. É puxado, mas muito gratificante. A arte transforma a gente por dentro”, ressalta.
 

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal